Educação para vida e para a morte
Capítulo do livro A Arte de Morrer - Visões Plurais - Vol. 3 (Ed.Comenius) onde os autores discutem a atitude pedagógica diante da morte.
A morte faz parte das contingências da vida. A despeito de estar associada à perda, à dor e muitas vezes a grande sofrimento físico, psíquico, social e espiritual, ela poderia ser de grande valia e utilizada como instrumento pedagógico para o aprendizado sobre os objetivos e fins da vida. Por conta desse sofrimento associado à morte, costumamos acreditar na ilusão de que se deixarmos de pensar na morte, conseguiremos retardá-la ou evitá-la. Alijá-la da sociedade, transformá-la em tabu; nada disso faz eco aos ouvi- dos da morte. Soberana quando adentra as nossas vidas, direta ou indiretamente, nos convida e nos força a pensar no fim último da vida e em nossa essência. O que é a vida? Que somos? De onde viemos? Para onde vamos? Por que sofremos? Continuaremos a existir ou desapareceremos para sempre? A depender da perspectiva adotada, se muro ou porta, a vida faz sentido ou não? A morte seria, pois, um instrumento pedagógico por excelência para refletirmos e educarmo-nos sobre as coisas que nos são mais caras: a vida, a felicidade e o amor. E se isso é possível e verdadeiro, como poderemos fazê-lo, em que circunstâncias, para quais grupos populacionais? É o que tentaremos desenvolver nesse capítulo.